A fertilização in vitro (FIV) envolve várias etapas, e uma das mais importantes é garantir que o útero esteja pronto para receber o embrião. Esse preparo do endométrio, o tecido que reveste internamente o útero, é essencial para aumentar as chances de implantação do embrião e, assim, resultar em uma gravidez bem-sucedida. Mas, afinal, como isso é feito?

Vamos explicar de forma simples, como se estivéssemos conversando no consultório, sem pressa e sem palavras rebuscadas. A ideia é que você entenda claramente por que o endométrio precisa de cuidados especiais durante a FIV e como o médico lida com esse processo para aumentar as chances de um resultado positivo.

Por que preparar o endométrio?

Para que a gravidez aconteça, não basta ter um embrião saudável — o útero precisa estar pronto para recebê-lo. O endométrio funciona como um “ninho” onde o embrião se implanta e começa a se desenvolver. Se esse tecido não estiver bem espesso, vascularizado e receptivo, as chances de implantação diminuem.

Em um ciclo natural, o corpo regula esses hormônios de maneira automática. Após a ovulação, o endométrio se espessa e se enche de nutrientes graças à ação do estrogênio e da progesterona produzidos pelos ovários. No entanto, durante um tratamento de FIV, a ovulação e a fertilização acontecem fora do corpo. Por isso, o médico precisa “recriar” essas condições ideais para o endométrio, usando medicações e monitoramento.

Etapas do preparo do endométrio

  1. Avaliação do Ciclo: Antes de tudo, é essencial avaliar o ciclo menstrual da mulher. Isso pode envolver testes hormonais e ultrassons para entender como o endométrio costuma responder em um ciclo normal, sem intervenções. Essas informações ajudam o médico a decidir qual abordagem adotar.
  2. Uso de Hormônios: Geralmente, a preparação do endométrio envolve o uso de hormônios, principalmente estrogênio e progesterona. O estrogênio é o primeiro a entrar em cena. Ele estimula o crescimento do endométrio, fazendo com que ele fique mais espesso. A progesterona, por sua vez, é introduzida posteriormente, com o objetivo de “amadurecer” o endométrio, tornando-o mais receptivo ao embrião.
  3. Monitoramento por Ultrassom: Ao longo do preparo, o médico acompanha o crescimento do endométrio através de ultrassonografias transvaginais. Durante esses exames, avalia-se a espessura e a aparência do endométrio. Um endométrio considerado receptivo geralmente tem uma espessura entre 7 e 14 mm e apresenta uma aparência trilaminar — isso significa que no ultrassom ele apresenta três camadas distintas, o que costuma ser um sinal de boa qualidade.
  4. Ajustes na Medicação: Caso o endométrio não esteja se desenvolvendo da maneira esperada, o médico pode ajustar as doses dos hormônios ou, em alguns casos, adicionar outros medicamentos para melhorar a vascularização e a receptividade. Tudo é feito de forma personalizada, levando em conta a resposta de cada mulher.
  5. Sincronização com a Transferência do Embrião: Quando o endométrio atinge a espessura e a “qualidade” esperada, o médico decide o momento ideal para transferir o embrião para o útero. É uma etapa muito delicada: a transferência precisa acontecer em um momento em que o endométrio esteja pronto para receber o embrião e permitir sua implantação. Esse timing é fundamental para aumentar as chances de sucesso.

E se o endométrio não responde bem?

Em alguns casos, o endométrio pode não desenvolver a espessura ou a qualidade esperada, mesmo com a medicação. Nesses casos, o médico pode sugerir algumas alternativas, como ajustar as doses hormonais, tentar outro protocolo de preparo em um ciclo diferente, ou mesmo considerar técnicas adicionais, como o uso de fatores de crescimento, para ajudar a melhorar a receptividade.

Em situações mais complexas, podem ser considerados outros métodos de tratamento para aumentar a qualidade do endométrio, garantindo que a paciente não perca a chance de aproveitar embriões saudáveis obtidos durante o tratamento de FIV.

Conclusão

O preparo do endométrio na FIV é um passo essencial para garantir que, quando o embrião for transferido ao útero, ele encontre um ambiente acolhedor para se implantar e se desenvolver. Esse preparo envolve o uso de hormônios, monitoramento por ultrassom e, quando necessário, ajustes e estratégias adicionais para alcançar as melhores condições possíveis.

Ao entender como funciona esse processo, fica mais claro o quanto o acompanhamento médico especializado e a personalização do tratamento são importantes. Cada mulher responde de um jeito, e é por meio dessa atenção individualizada que as chances de sucesso da FIV aumentam, ajudando muitas pessoas a realizarem o sonho de ter um filho.