Quando se fala em fertilização in vitro (FIV), um dos pontos que gera curiosidade é a quantidade de folículos que a mulher precisa ter para iniciar o tratamento. Afinal, os folículos são estruturas nos ovários onde os óvulos se desenvolvem. É comum pensar: quanto mais folículos, melhor. Mas será que existe um número “mágico” que garante o sucesso da FIV?

A resposta não é tão simples. Cada mulher é única, com um histórico de saúde, idade e reserva ovariana diferentes. Enquanto algumas produzem muitos folículos após a estimulação hormonal, outras respondem com menos, mas ainda assim podem ter excelentes resultados.

O papel dos folículos na FIV

Durante a FIV, a mulher recebe medicação para estimular os ovários a produzirem vários folículos no mesmo ciclo, aumentando a chance de coletar mais óvulos e, assim, ter embriões para escolher. A ideia é simples: se em um ciclo natural apenas um óvulo é liberado, na FIV podemos ter diversos óvulos, o que aumenta as probabilidades de fertilização e desenvolvimento de embriões saudáveis.

O número de folículos obtidos varia muito. Algumas mulheres, especialmente as mais jovens ou com boa reserva ovariana, respondem muito bem à estimulação e produzem vários folículos. Outras, com reserva mais baixa ou idade mais avançada, podem ter poucos folículos mesmo com a estimulação. E tudo bem: o que importa não é só a quantidade, mas a qualidade desses óvulos.

Existe um número ideal?

Não há um número absoluto que funcione como regra universal. Alguns estudos sugerem que obter entre 8 e 15 folículos pode estar associado a melhores taxas de sucesso na FIV. Mas isso não significa que ter menos folículos seja sinônimo de fracasso. Há casos em que, com apenas alguns óvulos coletados, a gravidez acontece, desde que esses óvulos sejam de boa qualidade e a fertilização seja bem-sucedida.

Ao mesmo tempo, ter muitos folículos também não garante o resultado perfeito. Quantidade não é sinônimo de qualidade. Em algumas situações, mesmo com vários folículos, a qualidade dos óvulos pode não ser a esperada, impactando o desenvolvimento dos embriões.

O papel da idade e da reserva ovariana

A idade da mulher é um fator crucial. Mulheres mais jovens costumam ter melhor resposta aos medicamentos e produzir mais folículos. Já mulheres acima dos 35 anos podem encontrar mais dificuldades, tanto em quantidade quanto em qualidade de óvulos. A reserva ovariana (geralmente avaliada pelo hormônio AMH e pela contagem de folículos antrais no ultrassom) ajuda o médico a prever como a mulher pode responder à estimulação.

Isso significa que, antes de iniciar o tratamento, o especialista já tem uma ideia se você terá uma resposta mais modesta ou mais ampla de folículos. Com essas informações, o médico poderá escolher o protocolo de estimulação mais adequado e definir expectativas realistas.

Ajustando expectativas e protocolos

Se a mulher tem baixa reserva ovariana, o médico pode adotar uma estratégia diferente, usando protocolos específicos para tentar otimizar cada folículo disponível. Mesmo se o número de folículos não for grande, o tratamento pode ser feito e, em alguns casos, é preferível coletar poucos, mas bons óvulos, do que muitos sem qualidade.

Por outro lado, se a mulher tem alta reserva ovariana, o cuidado é para não levar a uma hiperestimulação, situação em que muitos folículos se desenvolvem e pode haver desconfortos ou complicações. O objetivo é encontrar um meio-termo saudável, garantindo quantidade suficiente de óvulos sem riscos desnecessários.

A importância do acompanhamento médico

O ponto central aqui é confiar no acompanhamento médico. Não existe um número padrão que sirva para todo mundo. O médico especialista em reprodução assistida leva em conta não apenas o número de folículos, mas também a qualidade dos óvulos, o esperma, a idade da mulher, o histórico de tentativas anteriores e até preferências e expectativas do casal.

O diálogo aberto com o especialista é fundamental. Entender que não há um número “ideal” e que cada caso é único ajuda a manter as expectativas sob controle. A equipe médica estará preparada para ajustar o protocolo, considerar ciclos adicionais de estimulação ou alterar a estratégia, se necessário.

Conclusão

Ao pensar em FIV, é natural querer parâmetros, números e garantias. Mas, na prática, a quantidade de folículos não é um indicador isolado que dita o sucesso ou fracasso do tratamento. O número de folículos é apenas um elemento do contexto maior, que inclui qualidade dos óvulos, espermatozoides, saúde do útero, experiência da equipe médica e, claro, um pouco de paciência e resiliência do casal.

No fim das contas, o que importa é que cada paciente seja tratada de forma individualizada. Com o acompanhamento adequado, mesmo quem não produz muitos folículos pode alcançar o sonho da gravidez. A conversa franca com o médico, o entendimento da própria saúde reprodutiva e a confiança no plano traçado fazem toda a diferença.